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Dados do 2º Trimestre de 2012 mantêm a tendência de desaceleração dos fluxos de tráfego e de passageiros no Algarve

A análise dos dados do 2º Trimestre de 2012, no âmbito da monitorização das Dinâmicas Regionais desenvolvida pelo Observatório das Dinâmicas Regionais da CCDR Algarve, revela a continuidade de um claro abrandamento dos tráfegos e dos fluxos de passageiros na Região do Algarve, sendo particularmente notório o facto de em nenhum dos anteriores trimestres os decréscimos terem sido tão generalizados ao espectro dos modos de transporte e dos seus subsistemas que vêm sendo acompanhados desde o ano de 2007.

Os decréscimos, relativamente ao trimestre homólogo (2011), abrangem a totalidade dos indicadores do modo aéreo (3), do modo marítimo/fluvial (2) e do transporte colectivo rodoviário (4). Nos restantes modos e subsistemas, os únicos acréscimos relativamente ao trimestre homólogo de 2011 verificaram-se nos TMD de dois dos três troços monitorizados pela Estradas de Portugal, S.A. na EN 125 – apenas porque se tem assistido a uma drástica redução do TMD na A22 desde que nesta via foram introduzidas portagens –, e no movimento de passageiros no Longo Curso ferroviário, que aparenta assim retomar, de certa forma, a importância que tinha consolidado até 2009.

Para uma análise mais detalhada, destaca-se:

1 - Transporte Aéreo:

No 2º trimestre de 2012, o Aeroporto Internacional de Faro registou um movimento de 12.448 voos e de 1.761.165 passageiros (ambos os valores reportam-se somente aos voos e passageiros comerciais). Estes valores representam decréscimos relativamente ao trimestre homólogo (2012) de 3,0% (número de voos) e de 0,1% (movimento de passageiros).

A tendência de retoma, que se vinha a desenhar desde o ano de 2010, volta assim a ser contrariada pelo terceiro trimestre consecutivo de variações homólogas negativas tanto no movimento de aeronaves como no movimento de passageiros.

No trimestre, foram movimentados 87.885 passageiros com os restantes aeroportos do espaço nacional, valor que corresponde a 5,0 % do total do movimento no trimestre. Comparativamente com o trimestre homólogo do ano anterior (2011), verificou-se um decréscimo de 1,4% no movimento com os aeroportos nacionais, e interrompeu-se assim uma série de 12 trimestres consecutivos de variação trimestral homóloga positiva.

2 - Transporte Marítimo/fluvial:

No 2º trimestre de 2012, as carreiras que operam na Ria Formosa transportaram um total de 275.232 passageiros, o que corresponde a uma diminuição de 23,2% relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior (2011). A carreira que assegura a travessia do Guadiana (Vila Real de Santo António - Ayamonte) transportou um total de 25.832 passageiros, o que corresponde a um decréscimo de 2,3% relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior (2011).

No caso das carreiras da Ria Formosa, a variação trimestral homóloga negativa, embora pronunciada, inscreve-se no padrão normal de oscilação do movimento destas carreiras, que está fortemente dependente das condições climatéricas, muito variáveis de ano para ano, que se fazem sentir nos meses de Abril, Maio e Junho.

3 - Transporte ferroviário:

No 2º trimestre de 2012, o sistema ferroviário regional (Lagos - Vila Real de Santo António) transportou um total de 400.352 passageiros, o que corresponde a um decréscimo de 7,5% relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior (2011).

O Longo Curso (ligações dos serviços Alfa e Intercidades) movimentou um total de 129.868 passageiros, o que corresponde a um acréscimo de 0,2% relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior (2011).

No caso do sistema regional, esta é já a sétima variação trimestral homóloga negativa consecutiva (desde o 4º trimestre de 2010). Quanto às ligações do Longo Curso, o ligeiro acréscimo de 0,2% consubstancia a retoma de crescimento deste movimento, iniciada no trimestre anterior após sete variações trimestrais homólogas negativas consecutivas, relançando assim o modo ferroviário como uma opção de peso nas ligações inter-regionais.

4 - Tráfego nos principais eixos rodoviários:

No 1º trimestre de 2012, o Tráfego Médio Diário (TMD) no troço terminal da A2 na Região (S. B. Messines - Paderne) situou-se nos 6.603 veículos, o que corresponde a uma diminuição de 33,0% relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior (2011).

Na A22, o TMD situou-se nos 7.869 veículos, o que corresponde a uma diminuição de 52,2% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

Na Ponte Internacional do Guadiana, o TMD situou-se nos 9.539 veículos(¹) , o que corresponde a uma diminuição de 12,4% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

Tanto no troço terminal da A2 como na A22, estas são as sétimas variações trimestrais homólogas negativas consecutivas (desde o 4º trimestre de 2010). Embora os valores para as variações negativas fossem já relativamente acentuados em 2011, verifica-se porém que, desde o último trimestre daquele ano (perfazendo assim já três trimestres consecutivos), os valores são particularmente elevados. No caso da A22, o decréscimo de 52,2% consubstancia o decréscimo de 56,8% já observado no primeiro trimestre de 2012; enquanto no troço final da A2 o decréscimo de 33,0% é ainda superior ao verificado no primeiro trimestre (29,3%). Não restando dúvidas de que as enormes diminuições do tráfego na A22 se ficarão a dever à introdução de portagens, já para a A2, que sempre foi portajada, a explicação para os acentuados decréscimos passará por certo pela redução generalizada do tráfego provocada pelo contexto de crise.

Tal como no trimestre anterior, verificou-se que a diminuição do tráfego no troço terminal da A2 (33,0%) não teve como contrapartida um acréscimo do tráfego no troço do IC 1 compreendido entre S. B. Messines e Tunes – a via alternativa, sem custos de portagem. Também neste troço do IC 1, com um TMD de 7.001 veículos (ainda assim superior aos 6.603 veículos na A2), se registou um decréscimo de 10,9% relativamente ao trimestre homólogo (de 2011). Destaque-se também que, ao contrário do que sucedeu nos segundos trimestres de 2010 e 2011, no segundo trimestre de 2012 o TMD no IC1 é já superior ao TMD na A2, o que demonstra uma clara deslocação do movimento da A2 para a via alternativa (não portajada).

A quebra acentuada do tráfego na A22 (52,2%) teve como consequência o aumento do tráfego em dois troços da EN125, o eixo regional longitudinal alternativo. O troço da EN 125 Odiáxere – Estombar registou um TMD de 22.329 veículos, o que corresponde a um aumento de 20,0% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011); enquanto o troço da EN 125 Tavira – Monte Lagoa registou um TMD de 15.369 veículos, o que corresponde a um aumento de 19,3% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011). O único troço (monitorizado) da EN 125 quer não apresenta crescimento de tráfego é o troço da EN 125 S. João da Venda – Faro Norte: o TMD de 42.506 veículos corresponde a um decréscimo de 3,3% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011). A quebra do tráfego neste troço, se bem que não muito significativa, evidencia sobretudo uma redução generalizada do uso do automóvel particular.

5 - Transporte colectivo rodoviário:

No 2º trimestre de 2012, foram transportados 322.226 passageiros nas ligações urbanas regionais, o que corresponde a um decréscimo de 4,6% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

As ligações inter-urbanas (regionais) transportaram um total de 1.586.140 passageiros, o que corresponde a um decréscimo de 7,3% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

As ligações inter-regionais asseguraram o transporte de 177.369 passageiros, correspondendo a um decréscimo de 9,2% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

As ligações internacionais (carreira Lagos – Sevilha) transportaram um total de 6.223 passageiros, o que se traduz num decréscimo de 0,6% relativamente ao trimestre homólogo anterior (2011).

Como principal destaque, e tal como no trimestre anterior, é a notória ocorrência de decréscimos no movimento de passageiros em todos os quatro segmentos do transporte colectivo rodoviário, o que nunca havia sucedido desde o início da recolha e tratamento desta informação (ano de 2007). Estes decréscimos apresentam maior relevância no caso das ligações urbanas – que vinham apresentando um crescimento consolidado nos anos anteriores e que neste trimestre apresentam a maior quebra registada nas 18 variações trimestrais homólogas até agora apuradas (desde 2007) – e no caso das ligações inter-regionais que, após 5 variações trimestrais homólogas positivas, registam uma quebra de quase 10,0% e aparentam perder terreno para o modo concorrencial, o modo ferroviário.

(¹) O valor do TMD para o mês de Abril (2012) foi obtido por estimativa, tendo por base as oscilações verificadas nos meses de 2011 e de 2012 em que a Estradas de Portugal, S.A. divulgou a informação.